03/05/2016

Antigo Hotel do Louvre



Este antigo hotel localiza-se no gaveto de uma importante avenida por onde passam imensos turistas em direcção ao Museu Soares dos Reis e aos jardins do Palácio de Cristal, foi palco de um dos mais caricatos episódios históricos da nossa cidade, veio posteriormente a servir de sede a diferentes instituições de destaque ao longo de todo o século XX, e no entanto está degradado e grande parte do edifício permanece sem utilidade há vários anos.

Construído em 1863, a arquitectura do edifício acusa um eclecticismo muito próprio da época, que vai procurar a sua inspiração no neo-almadino em conjugação com as características de alguns prédios da época, incorporando varandas com elegantes gradeamentos em ferro no segundo piso (actualmente enferrujados e em risco de se perderem). É portanto um edifício muito sóbrio. Pertenceu a Gaspar Joaquim Borges de Castro, sogro do segundo conde de S. João da Pesqueira, que ali residiu e mais tarde veio encomendar diversas ampliações – principalmente em 1875, tendo coberto o seu terraço. Já nessa altura era um hotel de luxo, gerido por Maria Huguette de Melo Lemos e Alves (sua amante?), que fez dele o luxuoso Hotel do Louvre. É bem conhecida a hospedagem do imperador D. Pedro II do Brasil em 1872, que se recusou a pagar a estadia. Maria Huguette de Melo levou o caso a tribunal e chegou mesmo a viajar ao Brasil para exigir o pagamento, que foi na realidade efectuado por amigos do imperador.


Mais tarde, em 1885, foi inaugurada neste edifício a Casa de Saúde do Dr. António Bernardino de Almeida (uma das primeiras clínicas particulares da cidade do Porto). Mais tarde ainda esteve aqui também sediados o Orfeão Lusitano entre 1927 e 1930, o Sport Comércio e Salgueiros nos anos 30, o Cineclube do Porto fundado em 1945 e o Movimento Unidade Democrática (MUD) entre 1947 e 1948, até à sua expulsão pela PIDE. No final do século XX veio a ser ocupado pela Escola de Condução “A Desportiva”, que ali permaneceu até meados do início do século XXI, na altura da construção do Túnel de Ceuta. As marcas das letras e os seus autocolantes nas janelas ainda permanecem, apesar da entrada principal, de acesso ao piso superior, estar entaipada.


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