15/02/2016

Filmes Negros no Convento de S. Francisco!

Trata-se de um caso (um que se cruza com vários) que já tem décadas. Não é preciso que um monumento esteja devoluto para dar mau aspecto – basta identificar os vários sinais de desprezo ou negligência pelo lado exterior, principalmente através dos dados de pintura, nos danos em azulejos e vários elementos históricos ou, como neste caso, através da textura e cor da sua pedra. A notável Igreja Gótica do Convento de S. Francisco, uma das mais distintas obras medievais do Porto, necessita o quanto antes de uma operação de limpeza do granito das suas fachadas e das escadarias e muros de acesso que infelizmente são um feio contraste com o vizinho Palácio da Bolsa.

Os Filmes Negros, infelizmente, são uma das principais patologias do granito nas áreas urbanas, principalmente em cidades húmidas e com mais elevados índices de poluição, como é o caso da cidade do Porto (tanto são originados pelo ar contaminado pelos escapes automóveis como pelos depósitos das chuvas que absorvem os mesmos poluentes). E se há algo que dá uma aparência verdadeiramente sombria a vários monumentos espalhados pela cidade é este mal que infelizmente é identificado como sinal de inércia ou desprezo por quem deveria zelar por um património que é de todos (Património da Humanidade, relembramos!).

Estes Filmes Negros não são apenas inestéticos. Estão também associados a processos de degradação (lentos, mas ainda assim bastante prejudiciais) da própria pedra. Em detalhe, esta presença escura – e na igreja do convento é mesmo escura – é constituída por um complexo microssistema onde são identificados vários tipos de fungos, microalgas e uma matéria mineral ácida originada por estes micro-organismos que reveste o granito e dá-lhe esta aparência suja.



O município deveria debater e destacar este problema em particular, mesmo quando falamos de um edifício que não está sob a sua tutela. Uma cidade aberta ao turismo e habitada por cidadãos que amam os seus monumentos não pode continuar a deixar passar a imagem que no Porto metade dos edifícios históricos são negligenciados ou votados a esta aparência sombria e que não há lei, iniciativas ou princípios próprios que intervenham. 

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