09/02/2016

Casa Nobre do Cais Novo


Aquele que é um dos palácios do século XVIII mais notáveis do Porto e pertença de uma das famílias nobres mais ricas e ilustres na região durante este período de tempo é pouco mencionado ou referido pelo poder local ou pela instituição que explora aquele que é conhecido como o edifício dos Armazéns do Cais Novo – Museu do Vinho do Porto. O que não parece ser por acaso, dado o estado de degradação da Casa do Cais Novo (da qual até existe uma escassez notável de fotografias nos meios de divulgação públicas!), apenas alimenta a confusão entre aqueles que a relacionam com a antiga Fábrica de Louças de Massarelos ou até com uma casa de hóspedes e pertença do arruinado Convento de Madre Deus de Monchique.

Um olhar mais atento à Casa do Cais Novo comprova que na realidade se trata de um verdadeiro palácio senhorial e assim indica a presença do brasão dos Pinto e Cunha na fachada virada para o rio Douro, família ligada à produção do Vinho do Porto e estreitamente relacionada com a Companhia Geral da Agricultura e Vinhos do Alto Douro instituída em 1755 pelo então primeiro-ministro do reino Marquês de Pombal. Foi devido ao fluxo de negócios que a família projectou a construção dos seus armazéns para o desembarque de vinho que mais tarde, em 1822, chegou a servir de alfândega, ficando conhecida por Alfândega de Massarelos. Mas este amplo edifício que é agora um dos mais significativos museus da região tem como vizinha a casa nobre cujo estado de abandono deixa tão pasmados os turistas quanto o seu valor patrimonial, uma vez que é possível reconhecer alguns ornamentos barrocos que contrastam com a sua sobriedade geral. Não nos é possível saber quem foi o seu arquitecto, mas se tivéssemos de adivinhar ou especular teriamos de inclinar-nos para uma possível obra de José Figueiredo Seixas, responsável por um trabalho que seguiu as linhas do barroco e do rococó (rocaille) até acompanhar a arquitectura mais sóbria do período Pombalino.




Junto à Casa do Cais Novo ainda subsistem as ruínas de uma antiga fábrica de encerados da primeira metade do século XX que terá sacrificado parte da casa. Mais tarde acabou também abandonada e devoluta, até se ter deflagrado um incêndio no seu interior que obrigou à demolição de uma parte do edifício no ano de 2010. Chegou ainda a ser utilizado por ocupas, mas acabaram expulsos pelas autoridades nesse mesmo ano. A casa senhorial, além da sua localização privilegiada, juntamente com as ruínas da fábrica de encerados, apresenta a nível de espaço e de interesse turístico todas as condições reunidas para ser reabilitada e transformada num hotel. E essa intenção parecia ter surgido há alguns anos atrás, tal é a sua relação com o Museu do Vinho do Porto, mas que infelizmente não se veio (até ao momento) a concretizar. 

0 comentários:

Enviar um comentário


(Reservamo-nos ao direito de remover opiniões que, repetidamente, contenham comentários considerados ofensivos e descontextualizados.)

Artigos Populares

Envie as suas ideias!

Nome

Email *

Mensagem *