25/02/2016

Afinal, talvez não vá existir Maior Investimento para a Reabilitação Urbana

É uma notícia que está a marcar esta semana, principalmente para quem se interessa pelo assunto e já está cansado de se deparar sempre com o mesmo. Parecem não faltar promessas e vontades por parte de sucessivos governos, mas depois... surge a inércia, as estranhas desculpas, o desprezo, a ignorância.

Durante décadas Portugal teve políticas baseadas no betão - construiu-se demais, uns poucos beneficiaram e continuam a beneficiar (demais) e mais de dois terços da população nem usufruí do que se construiu (sobretudo em matéria de auto-estradas) - e o que ficou por fazer, no essencial, como os investimentos na Reabilitação Urbana ou na Requalificação de Centros Históricos (para não falar de escolas, hospitais, etc.), vai continuar a ter uma parca atenção imerecida.

O alerta recente parte da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas: Estão 35 000 empregos e 8500 empresas em risco na área da construção porque afinal de contas o mais recente Orçamento de Estado não promove nem prevê maiores investimentos na Reabilitação Urbana. Não existe um quadro fiscal estável e os constrangimentos vão-se suceder, limitando-se o investimento nesta área até mesmo pelos privados.

Esta situação parece comprovar o estado crítico em que se encontra o país: impossibilitado de andar para a frente, parece que não detém margem para fazer o necessário. E o que é o necessário? Não adiar o futuro, pois como se tem sempre comprovado, principalmente dentro desta área, é que muitos desinvestimentos do passado levaram a prejuízos no presente. Imagine-se o que é gastar dezenas de milhões para recuperar um único monumento que é Património do Estado apenas porque durante anos a fio não se executaram as manutenções mais elementares.

E quando falamos deste investimento, também pensamos na área ambiental e na sustentabilidade energética. Portugal está a perder milhões com o desperdício de recursos e não contabiliza sequer a energia do Sol para que muito do que temos não se encontre revestido por painéis solares, por exemplo (até as estações do Metro e troços das suas linhas deveriam estar cobertos por esses mesmos painéis, já para não pensar nas possibilidades desta tecnologia em escolas e hospitais ou muitos outros edíficios públicos). Também há que equacionar aqui o investimento em melhores isolamentos no património edificado ou no aproveitamento de águas da chuva para sanitários e regas, sistemas inteligentes de gastos energéticos, etc, etc, etc.

Ainda há muito fazer e muito se torna necessário investir. Se realmente o governo não olhar para o sector da construção de forma diferente e verdadeiramente conclusivo para fazer avançar o país (apostando-se onde se deve apostar, de forma sábia e equílibrada em lugar de se fazer só asneiras), a médio e longo prazo estará muito mais em risco do que dezenas de milhares de empregos e empresas.

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