14/01/2016

A (des)Protecção do Património


Nas últimas semanas têm sido divulgadas várias chamadas de atenção que incidiram sobretudo sobre as redes sociais até alcançarem outros meios de comunicação. Talvez a mais notada tenha sido a urgência da protecção imediata de um dos monumentos históricos mais ameaçados da Europa, que é o Palácio de Valflores em Santa Iria da Azoia, em Loures. Obra do século XVI e que foi residência de um feitor na Flandres durante a época do rei D. João III, suscitou toda a atenção e o interesse — Principalmente porque mesmo sendo único corre o risco imediato de cair!

Ora, o Palácio de Valflores pode ser um dos monumentos históricos mais ameaçados de Portugal e até da Europa, mas como bem sabemos não é único. Se as chamadas da atenção sobre o risco de derrocada de um prédio histórico com cerca de cem anos ou mais viessem mais vezes parar às notícias dos telejornais, os portugueses facilmente reconheceriam centenas, espalhados de norte a sul do país. Claro que não vamos estender aqui a lista. Apenas sentimos que devemos falar dos casos recentes noticiados:

Existe o caso da Capela do século XVI da Quinta de S. João da Ventosa na Azinhaga (Golegã), que corre igualmente o risco de ruir e cujo caso foi noticiado no final do mês passado de Dezembro de 2015, um palácio do século XVIII, que é o Paço Real de Caxias, que está sobre tutela militar e que mesmo assim continua a ser vítima de vandalismo (não existem militares suficientes para vigiá-lo?), e depois circulam os alarmes nas redes sociais sobre os riscos imediatos que correm vestígios arqueológicos como a antiga cidade romana de Balsa, em Tavira, e o próprio Túmulo de D. Dinis (!) no mosteiro cisterciense de S. Dinis em Odivelas…

Isto tudo já seria suficiente para perguntar o que raio se passa neste país para se desprotegerem tantas obras que exigem algum cuidado e a devida manutenção para só se notabilizarem ou chamarem as atenções quando já estão praticamente arruinados ou exigirão um valor avultado para serem devidamente resgatados. É preciso concluir que há aqui alguma coisa errada. 


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