26/08/2014

Prédio Nº20 Rua de Álvares Cabral


Recentemente acusamos o estado de abandono de uma moradia projectada pelo arquitecto Júlio de Brito na Rua de Sacadura Cabral; agora acusamos o estado de desprezo de um prédio de outro conhecido arquitecto cuja actividade também marcou a cidade do Porto durante o período do Estado Novo: Trata-se do prédio Nº20 da Rua de Álvares Cabral, projectado por Rogério de Azevedo (1898 – 1989), responsável por obras modernistas com as linhas rígidas do Português Suave como a Garagem do Comércio do Porto (1930 – 32) na Praça Filipa de Lencastre, a Maternidade Júlio Dinis (1938) em coautoria com outros arquitectos, o Prédio Maurício-Rialto (1942) na Praça D. João I e o Hotel Infante Sagres (1945).

O arquitecto Rogério de Azevedo desenhou este prédio em 1930 para os dois irmãos Álvaro Ferreira Alves e Eurico Ferreira Alves, acabando por ser erguido em 1931, com o apoio do engenheiro Henrique Santos Peres Guimarães. A entrada principal fazia-se através de um portão, o Nº20, que actualmente é flanqueado por outros dois. Deveria servir de habitação colectiva para arrendamento e inicialmente chegou a ter um consultório no rés-do-chão.


Destaca-se pelo contraste de materiais como o reboco e a cantaria e pela sobriedade e simplicidade, de inspiração Art Deco. É uma linguagem comum de muitos edifícios da época, que chegaram a servir propósitos tão similares. O motivo pelo qual este acabou abandonado, e com marcas óbvias de degradação, escapa-nos; mas se a Câmara Municipal desejasse reabilitar algum prédio antigo perto do centro da cidade com o intuito de arrendamento social, este poderia ser um dos melhores exemplos, devolvendo-lhe a sua função original e protegendo em simultâneo a obra de um arquitecto com um legado marcante.

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