03/04/2014

Parque de Estacionamento Silo-Auto


O grande parque de estacionamento situado na Rua Guedes de Azevedo, mais conhecido por Silo-Auto, tem como nome oficial Parque de Estacionamento Sá da Bandeira (ou das Carvalheiras). Na verdade, o nome pelo qual hoje os portuenses o designam provém do grupo Silo-Auto – Companhia dos Parques de Estacionamento S.A.P.L. que mais tarde tomou posse deste parque.

As opiniões dos cidadãos sobre este edifício que foi uma obra de modernização no centro do Porto dividem-se: há quem o designe como o “mamarracho” que ensombra a Rua do Bolhão e roubou um espaço verde à cidade, tornando-a ainda mais cinzenta como produto da especulação imobiliária que decorreu durante os anos 60 de século XX e se previa que fossem necessários mais locais de estacionamento no Porto; há quem o designe de uma obra bonita, moderna e com um bom impacto no sentido funcional, algo neutro na paisagem urbana. Mas no geral os portuenses consideram-no subaproveitado e menos atraente para o estacionamento automóvel do que seria (ou do que supostamente deveria ter sido) há décadas atrás.


Projectado pela Urbal – Urbanizadora Lda. em 1961, e construído durante os anos seguintes, o edifício pode ser descrito como uma estrutura de betão armado cilíndrica de sete pavimentos destinados ao aparcamento, dispondo ainda de estação de serviços, para o qual era ainda originalmente previsto um restaurante no 10º piso e uma pista de gelo para hóquei no 9º piso. Os pilares, as paredes, as vigas e lajes formariam um conjunto de grande pureza formal próprio da sua modernidade. E deveria ser ainda rematado por uma cúpula metálica.

Este projecto ambicioso contou com os arquitectos Alberto Pessoa e Joel Abel Manta, para além das assinaturas dos engenheiros Eduardo Henrique C. Carvalho, Joaquim da Silva Carvalho e Carlos A. Alvim de Castro, que testemunharam e protagonizaram sucessivas alterações no decorrer das obras ao longo da década. O complexo, que continuou em construção em meados dos anos 70, não chegou a ter a sua pista de gelo para hóquei, como se intencionava. E a dada altura, no espaço interior do que deveria ser a pista de gelo, chegou-se a imaginar um espaço a descoberto, com um jardim. Acrescentar-se-ia a isso um amplo espaço de comércio, com um snack-bar adicionado ao restaurante, com pistas de bowling, e ainda mais outro bar.


Actualmente o parque de estacionamento apresenta uma alta cúpula moldada em alumínio revestida em fibrocimento que em nada ajuda a embelezar o seu remate (sendo composto por amianto, também não é um bom elemento para a saúde pública). O tom cinzento do betão, os preços pouco apelativos, o restaurante abandonado (coberto de feias placas verdes de metal) e os sinais de desgaste levam a crer que necessita de uma reabilitação ou de uma intervenção para que se torne algo de mais emblemático e seja convidativo aos automobilistas que pretendam estacionar no centro da cidade.

Sugeríamos que a cobertura de fibrocimento fosse retirada de imediato e o espaço de restauração reaproveitado (talvez pudesse mesmo funcionar como bar ou discoteca, ao qual se poderiam juntar outros mais). A melhor das coberturas poderia passar por ser um tecto verde, mais ecológica, similar à solução encontrada na Estação da Trindade ou até mesmo na renovada Praça de Lisboa. Mas a ideia de isenção de cobertura, ainda assim dispondo de jardim, também não era má para os que desejassem usufruir de esplanadas que permitissem visualizar parte da cidade do Porto do seu topo.


Quanto à feia cor do betão, soluções não faltam, mas passam mesmo por uma vontade de reabilitar esta estrutura no sentido de deixar de parecer o «monstro cinzento» que deprime a paisagem urbana. São cada vez mais os cidadãos que desejam viver numa cidade menos sombria ou cinzenta.


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